domingo, 14 de novembro de 2010


A MULHER E O PÁSSARO

Em teu leito de amor,
repousas, oh linda mulher,
“Maja desnuda”,
por Goya imortalizada.
Com belos seios, mudas,
o teu aspecto angelical.
Todos, de desejos deliram,
quando te vêem ao natural.
Deitada neste leito,
com todo esse jeito,
tão imponente, consentes,
que a ti declamem as poesias,
mais belas e incontidas,
que já foram escritas,
e tantas vezes reescritas,
pela nobre pena da vida.
És tu a personificação,
do próprio poema,
como a brisa mais amena,
que balança o teu coração,
cantado em verso e prosa,
e que ressoa em tua pessoa.
Nos delírios de meu ser,
ainda agora ecoa,
tua maviosa voz,
delicada e jovial,
que mantém a todos nós
entorpecidos de prazer.
Tantas noites,esperei ansioso,
tentei contato, implorei,
fiquei nervoso,
palavras ásperas, pronunciei,
e mesmo assim,
não atendeste a mim.
Agora sou apenas uma sombra,
do teu melhor pecado,
porem, daria tudo,
para ficar a teu lado,
ainda que só para te olhar,
celestial e divina dama,
entre os lençóis,
desfeitos, de tua cama,
em uma noite,
de volúpia ardente.
Sob o olhar do pássaro,
tão alheio e complacente,
como um anjo,
tu dormes docemente,
dilacerando meu incipiente
e pueril viver.
Não posso mais aceitar,
nem posso crer,
na tua maneira de amar.
É tudo um engano.
E foi ele, para mim,
mais do que tirano.
Derrotou, enfim,
todo meu senso de moral.
Contudo, te perdoou, não faz mal,
ainda sou o teu escravo,
estou preso a ti,
e não fico bravo.
Muito antes,
sou feliz em minha agonia,
porque já fui por ti amado um dia,
quando te entreguei,
sem hesitar o meu coração,
que apesar de tudo,
ainda te ama com paixão.

Marco Orsi

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